terça-feira, 7 de julho de 2009

Testemunho

Esta semana recebi um e-mail da minha querida irmã e amiga Charlene que escreveu um texto sobre sua trajetória na Igreja Batista do Bosque e sua experiência no dia a dia. Gostei muito do artigo e resolvi compartilhar com você, afinal é uma palavra sincera e que nos desperta a pensar sobre o trajeto de nossas vidas.
O milagre de Deus em nós“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”Mateus 5:4
Não tenho memória da minha primeira vez na IBB. Sei que minha mãe lá se batizou em 1974. Minha tia chegou no início da década de 1960. Minha avó logo depois. Mas entre idas e vindas, voltei em definitivo na década 1990. Ou seja, faz um bocadinho de anos. Não falo isso por soberba, arrogância ou prepotência, mas porque uma palavra me acompanha ao longo dos meus anos na terra: as misericórdias do SENHOR são as causas de EU não ser consumida.Escrevo-vos porque Deus tem me levado esses dias a pensar sobre essa perspectiva. E quero compartilhar uma história. Um dia, passando de carro em uma invasão depois do Alto Alegre/Montanhês, dei de cara com a miséria das pessoas. Veja bem. Sou jornalista desde os 18 anos. Conviver com a miséria faz parte do meu dia-a-dia. Ela não é me é, portanto, estranha. Pelo contrário. Vejo miséria, tristeza e desespero todos os dias. E não só a miséria da falta de dinheiro. Mas a miséria humana, que é muito pior. Aquele dia, porém, foi diferente. Era como se eu me olhasse no espelho da vida e me visse. Onde estava e onde poderia estar não fosse a mão misericordiosa do Senhor. O lugar é terrível. Não há ruas asfaltadas ou calçadas. As casas são feitas de restos de madeira com grandes brechas. Não há água, não há comida, a violência é absurda, as roupas são na verdade pequenos trapos (muitos delas roupas que jamais usaríamos e colocamos naquela caixa de doações achando que o outro, o necessitado, tem de dar graças a Deus pela nossa infinita bondade e “caridade”). Vi mulheres, meninos e meninas com latas d’água na cabeça subindo e descendo ladeira no sol do meio dia. Havia música, muita música. Cada casa com um som diferente ligado no mais alto volume. Música para todo gosto. Axé, Pagode, Sertanejo, Forró e sei lá o quê mais. Havia também muitas crianças sujas na rua. Eram rostos sempre muito parecidos. Havia fome nos seus olhos e nos seus estômagos. Boa parte não faz idéia de quem seja seu pai. Os que sabem, se referem a eles como bêbados, drogados. Não todos, claro, mas uma boa parte, infelizmente, sim. Um quadro caótico, uma cena deprimente. Uma pequena amostra grátis da degradação humana. Ali, naquele dia, o Senhor me disse: você poderia estar neste lugar. Você poderia ser uma dessas mulheres. Uma dessas crianças. Naquele dia eu olhei aquela cena e dei graças a Deus. Eu poderia ser uma daquelas pessoas. Mas Deus teve misericórdia de mim, me resgatou do mundo, salvou a minha vida. Não só a minha. A da minha família. Inteira (eu creio!)Lembro de uma música do DT: “Nem olhos viram nem ouvidos ouviram/O que Deus preparou para nós/ Um futuro certo, cheio de esperança/ e paz, muita paz”. Volto ao início, quando disse que não lembro do meu primeiro dia na IBB para justificar esta afirmação. Graças à misericórdia do Senhor, muitos dos meus foram alcançados por Ele muito antes de eu nascer. A semente floresceu. Não apenas em mim. Em muitos de nós. Daí porque eu gosto de ouvir a música do irmão Lázaro que diz: ainda bem que eu vou morar no céu, ainda bem que eu vou morar com Deus. Eu vou subir...E a minha família (eu creio) vai junto!Claro, nem toda a minha família – ainda – foi salva, mas a boa semente do Senhor é poderosa e vai germinar nos corações daqueles que ainda não foram alcançados. Hoje eu dou graças a Deus porque meus tios e tias, meus primos e primas, família da minha mãe, estão praticamente todos na Igreja, servindo ao Senhor, dando glórias ao seu nome, louvando-O e engrandecendo-O todos os dias em igrejas de diversas denominações. Da parte da família de meu pai, que chegou na IBB tantos anos atrás, a semente de minha avó, de minhas tias germinou e prosperou e vai continuar prosperando dia após dia.E, principalmente, sou grata a Deus por sua presença na minha vida. Ainda tenho muitas falhas, passo por muitos desertos, problemas, dificuldades, tribulações. Mas nessas horas de deserto eu me lembro de outra palavra do Senhor: “Até aqui nos ajudou o Senhor, por isso estamos alegres.Certa vez, quando o Asaph, filho da Raquel Eline e do Patrício nasceu, eu comentei com a Raquel que ele iria viver num mundo muito melhor que o meu, o dela, da mãe dela, a irmã Raimunda. A Raquel, a princípio discordou. Mas eu justifico a afirmação. O Asaph nasceu em um lar cheio das bênçãos de Deus. Filho de pais que cresceram na presença do Senhor, servindo-O sendo fiel a Ele todos os dias de suas vidas há muitos anos. Claro, o mundo de hoje é pior do que o mundo que eu nasci, que a Raquel, o Patrício, minha mãe nascemos. Mas o mundo espiritual, os princípios de Deus que norteiam e nortearão seus passos desde a barriga da sua mãe fazem toda a diferença. Se nós que chegamos depois, fomos tão abençoados, imagina ele. Eu creio que essa geração do Asaph e de tantas outras crianças das nossas igrejas, será muito melhor, muito mais abençoada do que a nossa. Para que o reino do Senhor cresça e prevaleça.Você pode se perguntar da razão por tantas palavras soltas e eu lhe respondo: o desejo do meu coração é que as pessoas que estão chegando hoje na IBB e em tantas outras igrejas, possam plantar boas sementes na casa sua e aos seus. Para daqui a 30, 40, 50 anos, seus filhos, netos, bisnetos, possam testemunhar, como eu, das maravilhas que o Senhor fez e faz todos os dias nas suas (nossas) vidas. Se há dificuldades, e sempre há, lembre-se do Salmo que diz: “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos. Porque grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres.Salmos 126:5,6 e 3.

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