terça-feira, 24 de julho de 2012

RÓTULOS

As divisões parecem ser uma constante enfermidade da igreja. É
incrível a disposição que o ser humano tem de querer se levantar acima
dos outros. Não sei se posso chamar a esse desejo de "ser considerado
superior aos outros" de disposição humana, de tentação diabólica ou de
carnalidade pecaminosa. De qualquer maneira, ainda que seja difícil ,
para alguns, apresentar um juízo de valor para esse "desejo por
superioridade", sempre que alguém se acha melhor do que o outro, o
resultado é a divisão.

Do sentimento de superioridade para a rotularização do outro, o passo
é curto. Aqueles que se acham melhores colocam rótulos gloriosos em si
mesmos e rótulos pejorativos nos outros. Aqueles que se acham "os
melhores" se autodenominam de bíblicos, santos, "cheios do Espírito
Santo", defensores da fé e "espirituais". Assim, "os que se acham
melhores" denominam os outros de hereges, pecadores, frios, emocionais
e carnais. Formam-se os partidos político-eclesiásticos. Uns são de
Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas e outros de "Cristo"; uns são
tradicionais e outros são pentecostais; uns são presbiterianos, outros
são batistas e outros são assembleianos; uns são históricos e outros
são contemporâneos; uns são predestinados para o céu e outros são
predestinados para o livre-arbítrio; uns são "os santos" e os outros
são "os pecadores". Sutilmente, as pessoas reconstroem aquele muro de
divisão que Jesus destruiu na cruz do Calvário e, pouco a pouco,
cirurgicamente, elas se separam umas das outras de acordo com os
rótulos que dão a si mesmas e aos outros.

Não existe outro remédio contra a enfermidade de dar rótulos aos
outros e contra o vírus da divisão, senão a cruz de Cristo. Quando a
igreja de Corinto começou a fazer o uso dos rótulos, Paulo, o pai na
fé daqueles homens e mulheres, escreveu: "Pois decidi nada saber entre
vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado." (1 Coríntios 2.2 –
NVI). O importante não são os rótulos, não é a capacidade de
elucubração humana, não é a habilidade de argumentação dos homens,
mas, sim, o poder da cruz de Jesus. Enquanto as pessoas tiverem os
olhos colocados nelas mesmas, elas se acharão melhores dos que os
outros e usarão rótulos para se autoimporem sobre os outros. Mas se as
pessoas se reconhecerem como realmente são, carentes e frágeis, e
colocarem os olhos no Jesus crucificado, então, elas reconhecerão que
Jesus se entregou à morte na cruz não por si mesmo, mas pelos homens e
mulheres que ousarem crer no evangelho de Deus. Jesus morreu na cruz
não por que os homens e as mulheres eram bons ou superiores, mas sim
por que eles eram maus e depravados, cheios de arrogância e orgulho,
propensos a usarem de rótulos e a se dividirem. Não existe salvação,
nem outra mensagem mais relevante do que essa que nos anuncia a Jesus
Cristo, e este crucificado.

Pr. Gustavo Bessa da IBL MG

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